(Minha primeira "crônica")
No ônibus, a caminho do trabalho, ela ouvia amado de
Wanessa da Mata. De repente a harmonia da música foi interrompida pelo vulto de
um papel em branco. Quando virou o rosto deparou-se com um homem de muletas que
lhe estendia um papel. Era mais um desses que pedem nos coletivos. Mais um dos
que faz sentir a pobreza humana.
“Por que me incomoda
pensar em coisas para as quais não sei a solução. E por isso mesmo, a
maioria das vezes, prefiro fingir que não vivo neste mundo caótico”.
A cena colocou-a contra a parede. Em sua cara estava
sendo “esfregado” toda a realidade que a sonoridade daquela música jamais
mostrara. E que el anão fazia tanta questão de ver.
Quando amado de
Wanessa da Mata terminou de tocar passou para déjà vu da Pity. Os versos:
Nenhuma
verdade me machuca
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade, já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade, já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais
Mas eu sinto que eu tô viva a cada banho de chuva que chega
molhando meu corpo nu
Nenhum sofrimento me comove
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai
E não há razão que me governe
Nenhuma lei prá me guiar
Eu tô exatamente aonde eu queria estar
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai
E não há razão que me governe
Nenhuma lei prá me guiar
Eu tô exatamente aonde eu queria estar
(...)
Em seu entendimento a música da Pity falava naquele
momento de comodismo. “Bem se sabe que as interpretações que fazemos dos signos
depende do momento e da situação em que nos encontramos”. E naquele instante para
ela aquela canção versava sobre o comodismo de pessoas que como ela já se
acostumram com as coisas de certa maneira que não se sensibilizam mais com o
sofrimento alheio.
“Como podemos não nos revoltar com a situação com
que seres humanos vivem. Como uma pessoa permite que seu semelhante viva de
forma tão degradante”.
A moça resoveu olhar em sua para ajudar o papaz. Não
tinha moedas, apenas duas notas de cinco. Achava muito dar cinco reais a um
pedinte de ônibus.
Devolveu-lhe o papel e voltou a ouvir suas músicas
enquanto o ônibus seguia seu trajeto e o pedinte sua peregrinação.
http://letras.terra.com.br/vanessa-da-mata/1002081/ (Amado - Wanessa da Mata)
http://letras.terra.com.br/pitty/91545/ (Déjà vu - Pity)
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