sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

como se consegue felicidade?


E quem foi que disse que é preciso de alguém ou de algum motivo para se sorrir? Mas desde quando que sorrir é sinal de felicidade? Aliás de que felicidade se está falando?

Normalmente, pessoas felizes são as que aprenderam a conciliar os acontecimentos bons e ruins que estão enfrentando, por isso são capazes de sorrir nos momentos mais difíceis. Como disse/escreveu Clarice Lispector “Sorria sempre. Seus lábios não precisam traduzir o que acontece no seu coração”.

Mas também é bom que se respeite as dores. Existem lágrimas que precisam ser choradas. E não se envergonhe se sentir uma enorme necessidade de ficar sozinho.

Só não confunda necessidade com vontade. Se isole por necessidade e não por vontade. As vezes, quando o coração tá doente sente vontade de se isolar SEMPRE.

Esteja sempre na companhia dos amigos. A companhia de bons amigos é o melhor remédio para qualquer tipo de dor, principalmente as da alma. Ser feliz não é fácil, mas é preciso. A felicidade não é um presente é uma árdua conquista.

As pessoas mais felizes não
têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das
oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para
aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam
e tentam sempre.
(Clarice Lispector)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

No ônibus


 (Minha primeira "crônica")

No ônibus, a caminho do trabalho, ela ouvia amado de Wanessa da Mata. De repente a harmonia da música foi interrompida pelo vulto de um papel em branco. Quando virou o rosto deparou-se com um homem de muletas que lhe estendia um papel. Era mais um desses que pedem nos coletivos. Mais um dos que faz sentir a pobreza humana.

“Por que me incomoda  pensar em coisas para as quais não sei a solução. E por isso mesmo, a maioria das vezes, prefiro fingir que não vivo neste mundo caótico”.

A cena colocou-a contra a parede. Em sua cara estava sendo “esfregado” toda a realidade que a sonoridade daquela música jamais mostrara. E que el anão fazia tanta questão de ver.
Quando amado de Wanessa da Mata terminou de tocar passou para déjà vu da Pity. Os versos:

Nenhuma verdade me machuca
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade, já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais

Mas eu sinto que eu tô viva a cada banho de chuva que chega molhando meu corpo nu

Nenhum sofrimento me comove
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai
E não há razão que me governe
Nenhuma lei prá me guiar
Eu tô exatamente aonde eu queria estar

(...)

Em seu entendimento a música da Pity falava naquele momento de comodismo. “Bem se sabe que as interpretações que fazemos dos signos depende do momento e da situação em que nos encontramos”. E naquele instante para ela aquela canção versava sobre o comodismo de pessoas que como ela já se acostumram com as coisas de certa maneira que não se sensibilizam mais com o sofrimento alheio.

“Como podemos não nos revoltar com a situação com que seres humanos vivem. Como uma pessoa permite que seu semelhante viva de forma tão degradante”.

A moça resoveu olhar em sua para ajudar o papaz. Não tinha moedas, apenas duas notas de cinco. Achava muito dar cinco reais a um pedinte de ônibus.

Devolveu-lhe o papel e voltou a ouvir suas músicas enquanto o ônibus seguia seu trajeto e o pedinte sua peregrinação.