Escolas Estaduais do Pará retornarão atividades somente em abril.
Imagine que em 2011, você vai fazer o último ano do ensino médio, você estuda numa escola pública e deseja muito cursar medicina na melhor universidade do seu estado – aquela que é super concorrida, mas você não tem como pagar um cursinho. Então, sua única chance de passar no vestibular é contar com seu empenho, com o conhecimento dos professores e a “força” da escola.
Iniciou 2011 e você está toda animada por que finalmente vai poder realizar seu sonho: Passar em medicina na UFPA. O mês de fevereiro chegou e enquanto todos estão a mil por causa do carnaval você não ver a hora dele acabar, para enfim voltar as aulas. Está quase chegando março, faltam apenas duas semanas para você tirar as dúvidas que lhe fazem tremer de medo. E o que você descobre? Não.... (Infelizmente queridos, esta história está longe de ter um final feliz). Esta personagem não ganhou uma bolsa de estudos como acontece nos programas televisivos de domingo.
Ao contrário, essa é a história real da maioria da população brasileira: pobres coitados que tem muitos e grandes sonhos. Sonhos que são engolidos por uma realidade sórdida, que embora pareça menor é terrível, implacável, bruta, destruidora.
O Pará, nosso querido Estado, no qual a TV RECORD do programa do Gugu – aquele de domingo, que realiza sonhos - é líder em audiência, segue, como um bom filho que é, as mesmas trilhas de seu país. Para se ter uma idéia em 2011, as aulas da escolas estuduais só iniciarão no dia 04 de abril. E enquanto isso, quem vê na educação pública a chance de chegar a Universidade se desespera ao sentir seu sonho cada vez mais distante.
Trabalho pelo programa mais educação em uma escola no Aurá - Ananindeua, que por pura coincidência é estadual, no entanto não mais por coincidência a mesma escola reprovou quarenta e sete alunos de uma mesma série em 2010.
Agora tente imaginar, quais as chances de um vestibulando ser aprovado estudando, somente, na escola? Quase impossível. É um absurdo ter apenas três meses pra cumprir todo o conteúdo do primeiro semestre. O que é mais difícil de engolir é a posição dos nossos excelentíssimos governantes: nenhuma. Eles não se movem pra nada e a população é que “paga o pato”.